Translate to English Translate to Spanish Translate to French Translate to German Translate to Italian Translate to Russian Translate to Chinese Translate to Japanese
ONLINE
1


Partilhe esta Página

 

 

 

 

 

 

 


A Criação da Mulher
A Criação da Mulher


 

No princípio Deus criou o homem. E devia estar apressado, pois não teve muitos cuidados. Os traços fisionômicos não tinham suavidade, os músculos ficaram um pouco protuberantes e algumas veias até mesmo um tanto saltadas. A pele que encobria o corpo também não era assim tão macia. Mas, mesmo assim, Deus amou, e muito, a sua criatura e teve por ela tanto zelo paternal, que, ao ver o homem triste e só teve a idéia de criar-lhe uma companheira. E nesta, como pai amoroso que é, Deus caprichou. Queria que seu filho se sentisse realmente feliz com o belo presente que lhe havia de dar. Para fazer a mulher o Criador demorou-se nos detalhes, arquitetando-a mais suave e perfeita do que fizera o homem. Alisou carinhosamente cada protuberância. Escondeu as veias. Colocou-lhe menos pelos no corpo,para que ficasse mais macia, e mais pelos na cabeça, para fazer a moldura de sua delicada face. Tomando emprestado o arrulho das pombas e o trinar dos pássaros fez-lhe a voz. E com o perfume e a maciez das pétalas da rosa fez-lhe a pele. Então, colocou-lhe no coração tanto amor quanto fosse necessário para que pudesse fazer a felicidade do homem. Assim nasceu a mulher...


E o homem ao vê-la sentiu-se completamente seduzido. Procurava sempre a sua companhia e já não queria sair de perto dela. Mas, com o passar dotempo, percebeu que Deus agora dividia o seu amor paternal entre os dois. Amor que antes pertencia somente a ele, o homem. Viu também que o Criador demonstrava tanta afeição pela nova criatura, que a ornava cada vez mais com atributos de beleza física e sensibilidade de alma, e que Deus até relevava os caprichos da mulher quando esta se tornava briguenta e reclamona. E já não se sentia feliz ao lado dela. Enciumado, o homem brigou com a mulher. Querendo ofende-la, chamou-a de incompetente e fraca, tratou-a com desprezo e tentou destruir-lhe a auto estima, para que ela se sentisse inferior e reduzida à insignificância de um mero brinquedo feito para deleite do homem, ou pior, de escrava submissa às suas vontades. A mulher sentiu-se ofendida. Mas, de início, capitulou. Aceitou subservientemente o tratamento que lhe dava o homem. Mas, não se sentia mais feliz em sua companhia, pois sendo a criatura inteligente que é não poderia conformar-se a ser relegada e a receber tratamento tão aviltante. E assim, um dia insurgiu-se. Revoltada, jogou fora as roupas que lhe deixavam as formas mais longilíneas para deleite do companheiro e tolhiam os seus movimentos, como o sutiã e o espartilho, pôs calças masculinas e foi à luta em busca de igualdade, de felicidade.

Foi disputar sua fatia no mercado de trabalho. Provaria que era tão capaz quanto o homem. Foi bem sucedida! Mostrou que era tão competente quanto o homem e este foi obrigado a reconhecer a sua capacidade. Porém, o seu sucesso não conseguiu iguala-la ao sexo masculino nos resultados profissionais e financeiros, e ainda por cima, encheu-a de responsabilidades. E o que foi pior, fez com que o homem passasse a considera-la como rival e dela se afastasse cada vez mais, cada um vivendo para o seu lado. A mulher conseguiu sucesso na vida profissional, mas faltava-lhe algo. Havia um vazio dentro dela. Continuava infeliz. Já o homem, via a mulher dividir as despesas, assumir parte das responsabilidades do lar, mas também não estava feliz. Os dois estavam tristes, pois haviam sido feitos por Deus paraviver juntos e em harmonia. Entretanto, o homem, orgulhoso e altivo, não queria ceder, e aproximar-se da mulher. Ela teria que vir até ele, pois era a parte mais frágil e inferior, pensava ele. A mulher, no entanto, que não se importa em ceder, mesmo quando acha que a razão está do seu lado, sentindo-se infeliz elevou uma prece a Deus dizendo o quanto sentia falta do amor do homem. Deus, então, em sua infinita bondade, aspergindo sobre o homem a fragância maravilhosa do amor, falou ao seu coração, dizendo: - Meu filho, porque já não valorizas a mulher que eu te dei? Se te sentes magoado porque dei inteligência e tão belos atributos físicos e espirituais à mulher, lembras-te que o fiz para agradar-te, para que ela fosse companhia perfeita para te fazer feliz. Então, trata com carinho o presente que te dei. Valoriza-a! Vai ser feliz e fazê-la feliz!

E o homem, que estava fazendo serão na empresa, sentiu o sopro de Deus e de repente como que um calor delicioso inundou seu coração. Pensou na sua mulher que devia estar em casa e uma saudade premente o fez pensar no quanto havia se distanciado dela. Sentiu-se incompleto. Há quanto tempo não lhe fazia um carinho. Pegou o paletó e rumou apressadamente para casa. Pensou que se chegasse com um buquê de flores, mais depressa ela lhe perdoaria tanto tempo de descaso e afastamento e quis comprar-lhe flores, mas a floricultura já havia fechado. Bom, não tinha flores para levar-lhe, mas iria tratá-la tão carinhosamente que ela acabaria percebendo o quanto ele a amava. Iria reconquistá-la, custasse o que custasse. Nem que, para isto, precisasse pedir-lhe perdão de joelhos. Faria qualquer coisa, contanto que pudesse resgatar a harmonia e a felicidade dos primeiros tempos. Porém, simplesmente por vê-lo chegar mais cedo em casa, sua mulher mostrou-se muito feliz e abraçou-o amorosamente agradecendo-lhe o presente que ele lhe estava dando. Surpreso e envergonhado, disse-lhe que, na verdade, até quisera trazer-lhe um presente, mas as lojas já estavam todas fechadas. Ela, beijando-o com carinho, falou que ter seu amor chegando em casa naquela hora era o melhor presente que poderia desejar. O homem beijou sua companheira apaixonadamente. Nesse instante os dois perceberam quanto tempo haviam perdido procurando a felicidade, quando a felicidade estava bem ali, juntinho deles, esperando apenas que a harmonia se instalasse entre os dois, para que, enfim, aprendessem a desfrutá-la.

 

 

 

Um texto de Gracilene Pinto, para homens e mulheres sábios,

no dia INTERNACIONAL DA MULHER (08/03/2011)